Ontem o Palmeiras, praticamente, deu adeus às chances de vencer o campeonato brasileiro. O problema é que um dos principais motivos não foi a mera falta de "futebol", mas uma cena de violência gratuita entre dois de seus próprios jogadores. Uma pergunta interessante a se fazer é: alguém duvida de que ambos tinham exatamente o mesmo objetivo, o de ganhar o jogo? Entretanto, mesmo com objetivos iguais, o resultado foi o que se viu: duas expulsões, a derrota de toda a equipe e milhares de torcedores descontentes.
Com exceção de casos clínicos, o que geralmente leva duas pessoas a entrarem em conflito direto é a falta de compreensão de um com relação ao outro. Isto porque ambos acham que estão com a razão ou, simplesmente, não agiriam da forma como agem ou pensariam da forma como pensam. Mesmo um criminoso acredita, na sua lógica distorcida, que está agindo corretamente (entenda-se "corretamente" como "justificável" ou "melhor alternativa disponível")! E, assim, como o compartilhamento de ideias tem de passar, necessariamente, pelo filtro da linguagem, a probabilidade de haver desentendimentos é bastante considerável.
Parece ser razoável afirmar, portanto, que o desentendimento, a divergência e o conflito de idéias são inevitáveis nas nossas relações. Pouco ou quase nada se pode fazer para evitá-los. Entretanto, a atitude agressiva frente a este tipo de situação, esta, sim, pode e deve ser sempre evitada. O problema é que, para isto, a pessoa tem de ser capaz de dominar suas próprias emoções, o que quase nunca é uma coisa fácil de fazer.
Um bom começo para se evitar os rompantes e suas trágicas consequências é uma espécie de condicionamento comportamental, comum na psicologia, que, como o próprio nome diz, condiciona a pessoa a tomar determinadas atitudes antes que a "explosão" ocorra. Outra forma é pelo auto-conhecimento, já que conhecendo seus próprios limites, a pessoa passa a identificar, em si mesma, sinais que antecipam a perda do controle, abrindo a possibilidade de deixar a situação antes dela degringolar.
Mas a vantagem do auto-conhecimento em relação ao condicionamento é que o primeiro, além de produzir resultados perenes, melhora constantemente a compreensão de si mesmo e, consequentemente, da realidade a sua volta. Paralelamente, cresce também a tolerância consigo e com o outro, gerando condições mais propícias ao entendimento e menos às agressões física ou verbal. A desvantagem é que os resultados vêm, geralmente, apenas em longo prazo.
Para os místicos, há também um mantra que ajuda muito quando entoado antes de um potencial desentendimento: "Eu quero estar certo ou ser feliz?".
Nenhum comentário:
Postar um comentário