Há muito tempo atrás, lá na gênese do Automorfo, a postagem "Entender-se." falava sobre a sabedoria budista e as experiências de monitoramento, por tomografia computadorizada, da atividade cerebral de monges tibetanos, revelando, neles, uma atividade incomum na região cerebral que, segundo os neurologistas, responde pelas boas emoções — como a felicidade, por exemplo. Hoje, uma reportagem, no Jornal Hoje, da Rede Globo, apresentava os resultados de estudos médicos que indicam uma menor tendência à manifestação de doenças cardiovasculares nas pessoas que praticam algum tipo de culto religioso. Para desgosto de alguns e júbilo de outros, parece que a ciência vem encontrando evidências físicas dos benefícios da religiosidade na vida das pessoas.
Segundo alguns renomados psicanalistas, como o Prof. Dr. Gilberto Safra, a experiência pessoal com o sagrado é fundamental para a boa saúde psíquica do ser humano. E mesmo sob um prisma darwinista ortodoxo, como o defendido por Richard Dawkins, não há como negar a importância da representação simbólica adquirida por meio das artes e de rituais de cunho religioso — como o sepultamento dos mortos — no peculiar desenvolvimento da espécie humana. Ao longo de milhares de anos, as mais íntimas e variadas crenças têm contribuído — e ainda contribuem — para uma melhor compreensão do próprio ser humano e de seu lugar no universo.
Infelizmente, hoje, há quem só consiga enxergar malefícios em qualquer manifestação de fé, confundindo dogmatismos individuais e/ou institucionais com os valores sagrados que fundam as religiões. Com um mínimo de boa vontade, qualquer pessoa pode verificar que não há registro de intolerância nos fundamentos éticos do judaísmo, no amor fundador do cristianismo ou na divina obediência islâmica. Também nos princípios xamânicos, nos preceitos budistas ou na lendária crença tupi não há exortações para se fazer o mal a outro ser humano, tenha ele a crença que tiver. Pelo contrário, é a tolerância, o respeito e o bom-senso que constituem qualquer ideário sagrado.
Infelizmente, foi a partir da percepção dessa necessidade imanente do ser humano que as instituições foram tomando para si a verdade das religiões, moldando-as a seus interesses políticos e econômicos. Chegou-se, hoje, ao ridículo das doutrinas institucionalizadas serem confundidas com os princípios que originaram suas filosofias. Aqueles que guardam a mística de qualquer doutrina, sabem que não há espaço para a intolerância ou desrespeito para com o outro. Sabem que há lugar para todas as crenças e, se pregam sua forma de ver o universo, fazem-no não com a presunção de quem sabe a verdade, mas com a alegria de ter encontrado o próprio caminho.
Assim, se ainda não possui um deus no seu horizonte, invente um e lhe ofereça uma prece quando precisar. Segundo modernos profetas, os médicos, essa atitude pode salvar...
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